Meu nome é Juliana Nunes Rodrigues, tenho 33 anos e essa é a minha mais linda história.
No dia 10 de julho, era época de Festa Junina, eu estava ensaiando algumas turmas para dançar quadrilha, fui ao banheiro e recebi a melhor notícia da minha vida: eu estava grávida. Num misto de alegria e muita apreensão, vi que a partir daquele dia minha vida não seria mais a mesma. Fiquei muito preocupada porque, mesmo a gravidez tendo sido planejada, só havia cinco meses que eu iniciara um relacionamento e, como não tínhamos casado, sentia medo da história da minha mãe se repetir através de mim, pois ela é mãe solteira de quatro filhos e passamos muitas dificuldades no que diz respeito à presença de uma figura paterna.
Na gravidez, tive muitos altos e baixos, muitas inseguranças e muitas preocupações, mas que não chegaram nem aos pés de tamanha felicidade que me invadia a todo momento. Com 16 semanas de gestação tive o primeiro sangramento, e logo depois mais 2, sendo 3 ao todo, mas que não comprometeram a saúde do bebê, sendo eles um hematoma na placenta e nada mais. Com 20 semanas fui fazer o exame morfológico e recebi a melhor notícia, era uma menininha, a minha Beatriz, cujo nome diz “a que traz felicidade”, e como trouxe! Porém, no mesmo exame descobrimos um possível problema diagnosticado como uma pequena CIV, que nos levou a um exame mais detalhado.
No dia 23 de dezembro, vésperas do Natal, quando fomos fazer o exame, o nosso chão desmoronou, o que era para ser algo simples se transformou na pior notícia, minha Bia tinha uma cardiopatia grave chamada Tetralogia de Fallot, uma estranha comunicação entre átrios e ventrículos, e deveria ser submetida à uma intervenção cirúrgica logo ao nascer. Não desistimos e, com muita fé, seguimos buscando alternativas para trazê-la da melhor forma aos meus braços. Com 29 semanas fui diagnosticada com pré-eclâmpsia e encaminhada para um hospital de alto risco na capital Belo Horizonte, onde fiquei internada por quase 30 dias, muito bem assistida.
No dia 5 de fevereiro de 2016, sexta-feira de carnaval, ela nasceu! A minha felicidade ficou pouco tempo em meus braços, pois foi diretamente entubada e levada para a UTI. Meu coração se dividia em muita dor e ao mesmo tempo muito amor. Com oito dias de nascida me deram uma ótima notícia: ela seria operada da cardiopatia e logo, em pouco tempo, voltaríamos para casa.
Isso não aconteceu… ela teve várias infecções graves e detectaram que o seu rim tinha um formato diferente, de “Ferradura”. Com 13 dias de nascida nos chamaram e disseram que teriam que fazer uma diálise, mas que seria por pouco tempo, ou por mais tempo, talvez por toda a vida, não sabiam. Mudamos o foco de nossas orações para que a Beatriz não tivesse que passar por algo tão invasivo sendo ela tão indefesa e pequenina. Na manhã de 19 de fevereiro nos pediram para ir até o hospital, achávamos que seria para acertar a papelada da diálise, mas nosso pesadelo estava começando: Beatriz havia falecido por uma hemorragia pulmonar às 5h25.
Mais um buraco se abriu no chão e tivemos que enterrar nossa filha, nosso sonho, nosso amor. Fizemos tudo como tinha de ser feito. Após um mês de seu falecimento, tive que voltar ao início do meu pesadelo para buscar um exame que constatou que minha pequena era portadora de uma síndrome chamada Patau, e que tinha um cromossomo a mais no 13. Ela era para a ciência, além de ser para nós, também especial.
O tempo passou e eu nunca imaginava que um dia eu voltaria a ter a alegria de sempre, pois antes de tudo meu codinome era felicidade, eu deixava rastros dessa alegria por onde eu passava. Eu e meu companheiro nos separamos e, assim, segui sozinha, junto da minha família e do meu bem maior, meu Deus.
Eu sempre tive o sonho de fazer a festinha da Bia com o tema de Bloquinho de Carnaval, mas como não foi possível com a presença física dela, no ano de 2018 resolvi prestar uma homenagem a minha pequena. Criei um bloco com abadás, balões de gás hélio e movimentamos a cidade com mais de 500 pessoas num Carnaval lindo, cheio de amor e muita alegria. Foi o bloco mais aplaudido! Através desse Bloco, o Bloco da Bia, eu realizei um sonho soltando balões para os diversos anjinhos que partiram tão cedo e para a minha Princesa! Tenho a certeza de que eles receberam lá no céu.
Hoje eu sigo ainda solteira, mas com muito amor para dar e com a certeza de que eu sobrevivi à maior dor, que sou uma guerreira como a minha filha, pois fui desenganada no hospital e Deus me deu de volta a vida para que eu possa dizer a cada uma de vocês, mãezinhas: “Tudo concorre para o Bem daqueles que amam a Deus. E nossa Vitória é certa”.
Um beijo no coração de cada uma de vocês.
Linda história. Deus abençoe a mãezinha e tenha certeza que sua Bia está no Céu teu olhar. Grande beijo de uma mãe de anjo também. 🤗
Obrigada Branca, Deus está conosco sempre. Um beijo em seu coração de mãe!
Linda a história da Bia, também tento sobreviver a cada dia, também tenho uma princesa lá no céu, minha Sofia, meu anjo que Deus recolheu com 19 semanas de gestação!
Obrigada por compartilhar.
Também sou mãe de um anjinho lindo chamado Miguel…Ele faleceu minutos depois de nascer …Tinha várias más formações, que foram detectadas na primeira ultra morfológica com 18 semanas de gestação. Foi ai que nosso pesadelo começou… Ao nascer com 38 semanas e 4 dias foram confirmadas as más formações e encontradas mais algumas, inclusive a cardiopatia…Nao sabemos o que nosso filho tinha, se era alguma síndrome, enfim nunca saberemos ao certo. Já fazem três meses que ele se foi e a dor e a saudade só aumentam a cada dia. Com certeza é a maior dor do mundo… Hoje sei que não estou sentindo essa dor sozinha…Muita força para nós…Juntas somos mais fortes!!!
Linda história!!! Também tenho um anjinho no céu, minha eterna Lara!!! Fique com Deus!!!