Em março de 2018 descobri que estava grávida. Foi uma imensa alegria. Desde então começamos a fazer planos. A cada ultrassom era uma nova alegria em ver nosso bebê bem.
Com 15 semanas fomos realizar um ultrassom para saber se era menino ou menina… No fundo eu sentia que era menina, e sim era nossa Alice que estava a caminho, mas a alegria acabou se tornando em angústia. A médica que estava realizando o ultrassom logo começou a me questionar se havia feito a translucência nucal e se havia dado tudo normal, disse a ela que sim, então ela me pediu um momento e chamou seu pai que também era médico da clínica e começaram a tirar algumas medidas e disseram que depois conversariam comigo.
A partir dali já percebi que havia algo errado. Após o termino do exame o médico levantou a suspeita da nossa Alice ter microcefalia ou acrania (ausência da calota craniana), pediu que eu retornasse a minha médica. No dia seguinte fui na consulta com minha médica e relatei todo o ocorrido e ela pediu uma nova ultra para confirmar o diagnóstico. As notícias não foram boas, nossa pequena tinha acrania, que mais tarde desenvolveria anencefalia. Deram a nós a difícil decisão de interromper a gravidez ou continuar sabendo que nossa filha poderia ter minutos, horas ou dias de vida, ou até mesmo já nascer morta.
Depois de 2 semanas conversando, meu esposo e eu decidimos prosseguir com a gestação, visto que não teria nenhum risco a minha saúde. Sempre tive muita fé que se Deus quisesse Ele poderia curar a Alice, mas que Ele fizesse a Sua vontade. No dia 08/11/2018 nossa Alice veio ao mundo por meio de cesárea. Minha menina nasceu, não chorou, então já pensei no pior e comecei a chorar, os médicos não me deixaram vê-la, levaram-na e mandaram meu esposo sair da sala de cirurgia.
As horas na sala de recuperação pareciam eternas, ainda lá tive que tomar remédio para secar meu leite pois não poderia amamentar minha filha. Quando fui para o quarto soube que ela estava bem, estava na UTI, e tinha nascido a cara da mamãe rsrs…
No dia seguinte pela manhã já pude ir até a UTI para vê-la, foi impossível conter a emoção, minha pequena que poderia não ter aguentado estava lá, esperando por mim…Neste mesmo dia ela teve de ser transferida para outro hospital para receber maiores cuidados e, pra meu desespero, teria que ficar no hospital pois não havia recebido alta. Meu esposo a acompanhou.
No dia 10/11 recebi alta, fomos em casa antes de ir ao hospital e minha sogra estava lá com a nossa Alice, ela nos ligou desesperada pedindo que fossemos ao hospital, pois Alice tinha tido 2 paradas cardiorrespiratórias, mas graças a Deus foi só um susto. Após esse episódio eu pedia a Deus que, se fosse para ela viver sofrendo, que Ele a levasse, mas que se Ele fosse fazer isso que eu pudesse estar presente. E assim aconteceu. No dia 14/11/2018 meu esposo estava com ela no hospital e me mandou mensagem às 6h30 da manhã pedindo que eu fosse até o hospital pois nossa pequena estava tendo saturação (queda) na respiração, cheguei lá ela estava bem, peguei ela no colo, e em alguns minutos ela teve a primeira parada cardiorrespiratória em meu colo, meu coração se partiu ao ver o sofrimento dela, os médicos vieram e ela em seguida voltou ao normal, ela teve mais de 10 paradas cardiorrespiratórias.
Naquele dia eu “briguei com Deus, questionei o porque Dele estar deixando ela sofrer daquela forma, sendo que eu pedia que Ele não a deixasse sofrer, que eu aprenderia a conviver com meu sofrimento, mas que não queria vê-la sofrendo.
Nossa Alice estava lutando com todas as forças que tinha para ficar conosco, então eu e me esposo começamos a falar pra ela que ela iria para um lugar melhor, onde ela não sofreria mais e que Deus cuidaria dela enquanto a gente não pudesse, e então às 12h09 Ele a levou.
Nossa guerreira viveu 6 dias… Nesses 6 dias aprendi o que é o verdadeiro amor, o amor incondicional, sem medidas, amor que vai além das aparências, do físico, amor que deixa de lado todas as próprias vontades e sentimentos… o amor de MÃE! E hoje sou mãe de um lindo anjo… ALICE VITÓRIA.
Nossa… senti sua dor, mãezinha!!! Sinta-se abraçada por mim. Que Deus te dê conforto e paz. Só nós, mães de anjos, sabemos a grandeza dessa dor. Fica com Deus!!!
Mayara!
Um forte abraço bem apertado em ti da mamãe da Júlia (Aline) minha pequena viveu por 3 dias na UTI neonatal nasceu de 7 meses em Julho/2018.
O que resta e saudades e um coração que transborda amor. Saiba que sua filha e uma guerreira e está muito feliz com a mamãe/papai que teve.
Beijo!
Um abraço bem apertado a todas!
Minha guerreira Gabriela nasceu no dia 03/11/22 e viveu por um mês e quinze dias. Ficou todo o tempo na Uti Neonatal. Foi minha primeira gestação e Ela foi muito desejada. Sigo com esse enorme vazio, mas confiando que Deus fez o melhor.
Que história linda, faz 3 dias que enterrei minha filha e ver sua história me ajuda a ter força. Obrigado