Meu nome é Lucélia e posso dizer que estou sobrevivendo. Sempre tive muita vontade de ser mãe, mas queria que acontecesse do modo “certinho”, planejado.
Em dezembro de 2015 descobri minha primeira gravidez, entrei em desespero pois tinha acabado de terminar com meu namorado, mas passado o susto veio a alegria.
Tive alguns sangramentos, procurei a maternidade e sempre ouvia que estava tudo bem com meu bebê. As pessoas também me falavam que também tinham tido sangramentos e que seus filhos nasceram bem. Com 14 semanas, ao me levantar para ir ao banheiro, minha bolsa estourou e perdi o meu Enzo no banheiro da casa do meu namorado (nessa época já tinha voltado com meu namorado, que hoje é meu marido). Meu mundo desabou e eu não conseguia entender…
No laudo da placenta e do feto não houve nenhuma alteração. Ouvi dos médicos que na primeira gestação é “comum” o corpo rejeitar.
O desejo de ser mãe aumentou e, em junho de 2017, descobri uma nova gravidez. Estava muito feliz, mas novamente tive alguns episódios de sangramentos leves. Durante as consultas estava tudo normal comigo e com o bebê, até que no dia 27 de setembro, em uma consulta de rotina, reclamei com a médica a respeito de uma leve pressão que estava sentindo no pé da barriga. Ela fez o exame de toque e, quando vi a expressão dela, já percebi que a noticia não era boa. Ela segurou a minha mão e disse: “olha, a notícia que eu tenho para te dar não é boa, você está em trabalho de parto e já está com quase 5 cm de dilatação”. Fui de Samu para a maternidade, meu corpo inteiro tremia de desespero, chegando lá já me encaminharam para internação.
Fiquei 13 dias internada, em repouso absoluto, tomando banho de leito, tomando medicamento para segurar. No 12° dia meu colo já estava dilatado em 7 cm e a bolsa protusa, mas não tinha dor, continuavam monitorando minha filha e estava tudo bem com ela. No dia seguinte, em um novo exame de toque, a enfermeira obstetra me disse que a bolsa não estava mais protusa e que o colo estava em 6 cm, mas logo naquela tarde comecei a sentir muita dor e entrei em trabalho de parto. Minha Manuela nasceu com 22 semanas, 27 cm e 415 gramas. Minha cidade não tem UTINeo e os médicos não achavam seguro transferi-la para outro hospital pela distância e pelos riscos, mesmo assim minha guerreirinha lutou por 4 dias.
Recebi o diagnóstico de IIC e me disseram que na próxima gestação teria que fazer cerclagem. Eu me apeguei a isso e acreditei que na próxima gestação seria diferente.
Em julho de 2018 peguei meu positivo, já procurei a maternidade e, com 12 semanas, fiz a cerclagem. Eu me afastei do trabalho, fiquei em casa em repouso, minha mãe e minha irmã se revezavam para limpar a minha casa. Estava muito feliz, descobri que era um menino, meu Arthur. Mas com 21 semanas tive uma hemorragia e fui para a maternidade, já estava com 5 cm de dilatação e bolsa protusa. Não conseguia acreditar que estava acontecendo de novo! A cerclagem não segurou e, no dia seguinte, meu filho nasceu de 21 semanas, com 27 cm, 470 gramas e faleceu 30 minutos depois.
Para algumas é como se o seu bebê não tivesse existido, como se a dor fosse calculada pelo tempo que o filho passa fora da barriga, o tempo que ele está ali não é nada.
Ainda tenho vontade de ser mãe, mas não sei se vou conseguir engravidar novamente. Algumas pessoas me perguntam porque não adoto, isso está sim nos meus planos, mas não entendem o desejo de olhar para um bebê e procurar os seus traços, sentir o cheirinho, ver as primeiras reações, sorrisos, caretas.
E eu vou sobrevivendo, tentando não me afetar, não me preocupar, não enlouquecer…
ENZO 09/02/2016
MANUELA 08/10/2017 – 12/10/2017
ARTHUR 25/10/2018
Muito triste ….. Entregue a Deus ele é especialista em impossível …..
Lucélia. Sinto sua dor. Perdi dois filhos e a medida em que lia sua história, revivia a minha. Também tenho IIC e perdi a Laura com 21 semanas dia 15/10/2015 e a Esther com 23 semanas dia 17/04/2017. Quando voltei pra casa depois da última perda o único pedido que fazia pra Deus era que me levasse, para poder em fim tocar nas minhas filhas. É uma dor que nao tem tamanho, não tem fim. Mas é muito amor também. Sinta-se abraçada. Você não está só!
Mãezinha sinto muito pela sua dor,já passei por isso em 2015 é muito triste e traumático mas vou te falar uma coisa coloca na mãos de Deus e fala pra Deus todos os dias que vc deseja muito a maternidade. Nunca desista Nunca tenha medo e Nunca desanime, Deus vai te abençoar logo. Um forte abraço!
Sinto muito pela sua dor. Quando você fala isso, “parece que seu filho não existe, para algumas pessoas” te entendo. Sinta meu abraço!
Lucélia!
Sinta se abraçada por mim Aline (mamãe da Júlia) minha guerreira que viveu por 3 dias na UTI neonatal.
Não se sinta só, somos fortes sim porque não são todos que aguentariam.
Vamos sobrevivendo até onde der!
Bjs
Sinto sua dor, também perdi minha pequena Fernanda a alguns dias. Foi com 22 semanas ela estava com 27 cm e com 470 gramas. Sinta – se abraçada.
Acabei de ganhar alta e também perdi meus Estêvão de 22 semanas estou arrasada