Ainda não tive tempo para vivenciar esse luto

Sou avó e mãe duas vezes!

Minha filha de 19 anos, em agosto de 2018, me deu a notícia que nossa família iria aumentar. A princípio todos ficamos assustados por ela ser muito nova e estar no primeiro ano da faculdade. Mas passado o susto, essa gravidez, que não foi planejada, passou a ser muito desejada por toda nossa família, e eu, como avó, já amava aquele serzinho incondicionalmente.

A emoção do primeiro ultrassom, o coraçãozinho batendo tão forte, a emoção da descoberta do sexo, uma menina! E foi assim, eu sempre acompanhando minha filha em todas as consultas e exames.

Tudo corria bem mas, de repente, na 23ª semana de gestação, minha filha deu entrada no PS com uma simples queixa de infecção urinária. Quando chegamos ao PS, para nossa surpresa, a pressão dela estava 19 e ela não sentiu nenhum sintoma sequer de pressão alta.

Um diagnóstico cruel: pré-eclâmpsia grave e aí começaria o nosso martírio. A bebê já estava com o crescimento e a nutrição comprometidos por conta da deficiência da placenta, a única maneira da cura da pré-eclâmpsia seria o parto, mas os médicos não poderiam induzir, pois tinham conseguido estabilizar a pressão da minha filha e a bebê apresentava batimentos cardíacos.

Passados alguns dias, após mais um pico de pressão, os médicos resolveram induzir o parto, porque minha filha estava correndo risco de vida. Aurora, minha neta, nasceu e morreu no dia 16 de dezembro de 2018.

Ainda não tive tempo para vivenciar esse luto, pois a preocupação com a vida da minha filha era extrema. Mas hoje achei em meu computador o convite do chá de bebê que estava programado para fevereiro, então comecei a chorar e resolvi escrever esse depoimento. Acho que agora comecei a sentir realmente a dor dessa perda. Não sinto revolta, eu aceito a vontade de Deus, a Aurora veio a esse mundo por tão pouco tempo por algum motivo e teremos a resposta algum dia!