No próximo dia 28 de janeiro de 2019, completam-se 8 anos que nosso Luis Felipe virou estrelinha. Resolvi escrever este depoimento porque ainda dói muito!! Parece que tem algo ainda não resolvido, um luto ainda não vivido!
Nos casamos em outubro de 2006 e pouco mais de um ano depois resolvemos engravidar. Para minha surpresa, eu que sempre tive uma saúde de ferro (mal pegava uma gripe), fui diagnosticada com endometriose profunda. Após 4 anos de tentativas, cirurgia e tratamentos, continuava sem conseguir engravidar. E foi aí que partimos para FIV (Fertilização In Vitro). Foi um processo bem doloroso e psicologicamente pesado. A primeira FIV não deu certo. A segunda sim!! Foi uma alegria, um alívio imenso. Uma felicidade sem tamanho. Estávamos esperando por aquela gravidez com todas as nossas forças. E toda a família e amigos envolvidos, compartilhando conosco todo a luta.
A gravidez foi maravilhosa. Tudo indo muito bem. Luis Felipe era um bebê grande, perfeito e saudável. O quartinho estava pronto, o enxoval, chá de fraldas… Tudo prontinho, esperando por ele. Quando, de repente, o mundo desabou. Com 34 semanas de gravidez, meu bebê perfeitinho, que tinha feito US duas semanas antes, parou de se mexer. Demorei um dia para ir ao hospital pois acreditava que ele estava muito grande para conseguir se mexer. Nunca passou pela minha cabeça que o pior estava acontecendo. Jamais!!
Chegando à emergência da maternidade, os enfermeiros não conseguiram escutar o coraçãozinho e pediram um US. Nada, silêncio total!! O médico novinho, certamente inexperiente diante de uma situação como aquela, fez uma cara que nunca vou esquecer. Ele não conseguia me falar. Foi então que eu perguntei: “Não tem batimento, né doutor?” Ele apenas afirmou com a cabeça. Foi uma dor tão grande, tão imensa que nem sei explicar. Eu estava ali sozinha. Queria gritar e gritei. Mas não o suficiente. Me colocaram numa salinha fechada até que meu marido e meu irmão chegassem.
Fui internada e, junto com minha médica, optei por parto normal induzido. Tudo aconteceu de modo muito rápido e confuso. Foi uma loucura sem tamanho, uma coisa surreal . Eu não acreditava que tudo aquilo estava acontecendo. Para resumir, porque este é um capítulo à parte, tive Luis Felipe ali no quarto. Com a família toda no corredor, todos desesperados. Nunca esqueço a cara de dor do meu pai, segurando minha mão enquanto eu gritava para a enfermeira que meu filho estava nascendo e que precisavam tirar minha calcinha urgente!! E o médico de plantão pedindo para eu ficar calma, tirando todos do quarto, inclusive meu marido. Ficando somente uma tia minha, que segurou forte minha mão.
Assim que ele nasceu, não consegui olhar para ele. Ele ficou ali entre minhas pernas, nós dois ligados pelo cordão umbilical. Ficamos assim alguns minutos. Somente quando minha obstetra chegou e me aconselhou a olhá-lo, que fui vê-lo. Passei a mão em sua cabecinha, nos seus pezinhos, conversei com ele. Lembrei que disse que estava tudo pronto, que ele era muito querido e perguntei por que ele estava nos deixando… Não consegui pegá-lo no colo. Talvez essa seja minha maior dor e ressentimento. Não tive coragem!! Não sei explicar o porquê.
Hoje, após 8 anos, não penso mais nele todos os dias, mas quando falo sobre o assunto ainda dói demais. Sofro!! Choro!! Tenho duas lindas meninas, gêmeas de 6 anos que enchem meus dias de amor, alegrias e felicidades. Mas, falta um pedacinho em meu coração, que nada nesse mundo vai preencher!! Às vezes tento entender porque ainda me dói tanto. Penso que sofrer é uma forma de mantê-lo vivo em meu coração, em minha memória. É uma forma de não deixá-lo partir de nossas vidas!
Cada minuto daquele dia ainda está vivo em minha memória. Lembro cada detalhe. Desculpem pelo texto grande, cheio de detalhes, mas eu precisava escrever sobre aquele dia…
Meus profundos sentimentos querida. Com certeza seu Luis Felipe sentiu todo o amor que você e sua família tinham à ele.
Chorei aqui agora, que dor, que barra.
Oi minha linda, eu sinto sua dor viu!!! Hj faz 53 dias que perdi minha filha no momento do parto. Que Deus possa nos confortar e nos mostrar o caminho para superarmos esa dor que nos mata por dentro.