Sempre sonhei com a maternidade, só não sabia que ia ser tão difícil…
Em 2009 perdi um bebê com oito semanas, fiz curetagem, acontece. Em 2011, tudo planejado, sonhado, após 38 semanas e 5 dias de uma gestação cheia de cuidados, mas que seguia aparentemente bem, a bebê parou de mexer. Quando fui ao hospital, não auscultaram o coração. Sempre ouvi que acontece e que é só comer chocolate que dá pra ouvir, não imaginava o que viria a seguir, pois não fui comer chocolate… Fui para a sala de ultrassom e ouvi palavras que ecoam até hoje: “o coração de sua bebê não está batendo”.
A médica, muito atenciosa, falou mais algumas coisas, mas o fato é que nessa hora fiquei sem chão para sempre e não ouvi mais nada. Acho que é o que se chama de estado de choque. Lembro que a médica saiu primeiro, falou com a minha obstetra que me esperava do lado de fora. Meu esposo e eu choramos muito na sala, oramos e agradecemos a Deus por tudo que vivemos com ela. A obstetra, visivelmente transtornada, andava de um lado para o outro, dizendo “não sei o que te falar” e repetiu isso algumas vezes, mas a confortei dizendo “não fala nada doutora, Deus sabe o que faz.”
Parto normal induzido e, dez horas depois, ela nasceu, sem choro, sem festa, sem fotos (lamento não ter tirado fotos, hoje seriam lembranças), perfeita, a cara do pai. Peguei no colo, abracei e em pensamento questionei: “filha, o que será que aconteceu com você?” Até hoje não tenho essa resposta, pois não foi enviada para exames. Uma dor indescritível, uma sensação de sufocamento, um misto de sentimentos e o golpe final.
Desde a infância escolhi o nome da minha filha, Julia. Meu esposo acha bonito, concordamos, mas infelizmente, ao invés disso, em sua certidão estava a palavra natimorto. Foi como se ela tivesse morrido mais um pouco ou pior, como se não existisse.
Sair do hospital com os braços vazios, minha filha sem nome, chegar em casa e ver seu quarto pronto, suas roupinhas, fiquei de licença-maternidade, mas cadê o bebê??? Foi difícil, sonhava que era um pesadelo e que alguma hora eu ia acordar, até que uns dias depois, a ficha caiu… Era real, era comigo, meu Deus, por que eu?!!!
Uma noite, sem consegui dormir, liguei a TV e a palavra do pastor era Jeremias 18:1-5 e no final ele disse “você está quebrada, mas está nas mãos de Deus”. Me trouxe um pouco de calma ao coração, mas precisei de terapia e medicação, pois fiquei muito mal.
Acredito que Julia em sua breve estadia comigo, foi um marco em minha vida e reflete em tudo que vivo hoje. Sua existência eterna me faz querer ir além com a certeza de que sua missão foi cumprida, transformar a vida dessa mãe para sempre. Hoje temos a Heloisa e a Helena, o amor não é dividido é multiplicado. E tive coragem esse ano de ir atrás de corrigir seu nome na certidão. Em breve teremos nas mãos a certidão com o nome da Julia. Filha amada que nunca será esquecida.
Se você quiser saber mais sobre registro de bebês natimortos e a possibilidade de incluir o nome do seu bebê no atestado de óbito, confira nosso texto em Informações Prática, clicando aqui.
Estou passando pelo mesmo nesse momento,perdi meu menino com 38 semana e 6 dias,gravidez inteira sem nenhum problema mas veio a óbito ainda na minha barriga.Meu Luiz Felipe,meu anjo azul,são 20 dias que vivo num pesadelo,meu sonho virou meu pior pesadelo.Que Deus nos conforte!
Bom dia
Sinto muito por sua perda, faz teu luto da tua maneira… Não há certo ou errado, se chorar te conforta, chora, ora, fale sobre seu bebê, não liga para o que as pessoas dizem… Tenha certeza que esta dor sufocante um dia se transforma em saudade e saudade dói menos.
Que Deus console seu coração e te dê forças para prosseguir. Precisando chama. Forte abraço.