Eu sonho em ser mãe desde que brincava com minhas primeiras bonecas. Quando me casei sabia que esse sonho estava próximo de se tornar realidade quando decidimos que a hora havia chegado, porém, a gravidez não veio tão rápido como imaginávamos, sempre tive ciclos irregulares e microcistos ovarianos e após sete meses de tentativas sem sucesso e bastante ansiedade resolvi cuidar um pouco mais de mim e me dediquei a uma alimentação mais saudável, além de ocupar meus pensamentos com trabalho.
De forma inexperada fomos presenteados pela vida: após alguns dias sentindo muito cansaço, dores nas mamas e irritação, vi as famosas “duas listras” surgirem sem deixar nenhuma dúvida de que meu útero não era mais um espaço vazio. Uma mistura de amor, preocupação, surpresa e agradecimento.
Marquei uma consulta com minha GO e constatamos que, apesar da estar já de 6 semanas, nosso embrião tinha apenas 4 semanas, nada incomum para quem tem ciclo menstrual irregular. Marcamos o próximo ultrassom para 2 semanas depois da consulta e neste deveríamos saber um pouco mais sobre o bebê e provavelmente ouvir seu coração, saí da consulta fazendo planos, sonhando com a nossa vida ao lado deste filho tão esperadoe já tão amado , conversei muito com ele e pedi a Deus que nos protegesse todos os dias.
Dois dias antes do ultrassom comecei a ter um corrimento que após dois dias de repouso se tornou um sangramento. Na emergência da maternidade o ultrassom mostrou a primeira e única imagem de nosso amado filho(a) com 6 semanas e 1 dia de vida, tudo parecia bem, porém não havia batimento cardíaco porque ele era ainda muito pequeno. Voltei para casa ainda com sangramento e uma cólica que nunca havia experimentado antes, a recomendação era fazer repouso, usar progesterona e nada mais.
Eu sabia que algo estava errado, as cólicas só aumentaram e perdi meu bebê em casa, com muita dor e sem poder evitar que isso acontecesse.
A dor física acabou assim que meu filho(a) se foi, mas a dor emocional nunca deixou a minha vida, vivo com esta dor há quase 1 mês e sei que ela nunca me deixará. Não precisei passar por nenhum procedimento e já posso tentar um segundo filho, porém nada será como antes.
Sou mãe de um bebê que nunca nasceu, cujo coração nunca ouvi e que levou com ele parte da minha alegria, por mais que esta tristeza seja atenuada pelo tempo e pela vinda de uma outra criança, nunca deixará de existir pois este bebê era parte de mim, parte do amor que uniu a mim e ao meu marido. Jamais saberei os motivos pelos quais ele(a) nos deixou, mas tenho a certeza de que esta criança deixou marcas que jamais serão esquecidas. Te amo, filho(a), te carregarei comigo sempre, jamais esquecerei como me senti enquanto éramos um.