Muito antes de pensar em ter filhos, sempre quis anunciar a chegada dele com o verso dessa música (ao lado).
Pois bem, depois de um ano venho aqui anunciar, engravidei, estava à espera do maior amor da minha vida, mas ele partiu antes que eu pudesse dizer a todos sobre ele. Exatamente há um ano, no dia do meu aniversário, fomos separados fisicamente (neste dia foi realizada a curetagem). E desde então não houve um só dia que não acordei e dormi pensando no meu anjo, sempre peço perdão a ele por mantê-lo assim tão próximo a mim, e ainda com muita dor no coração, apesar de todo o amor que sinto por ele.
A minha fé tem me ajudado muito, na verdade é a minha fé que me sustenta para que eu não caia. Agradeço ao meu anjo por ele ter aceitado a missão de vir como meu filho, despertar o amor mais intenso em mim e fazer parte dessa minha provação, sei que eu preciso passar por tudo isso. Hoje após um ano, luto diariamente para seguir adiante, minha vida mudou e eu nunca mais serei a mesma, se isso é bom ou ruim ainda não sei… O que sei é que não quero mais me esconder, eu sou mãe!
Dizem que não é bom anunciar a gravidez no primeiro trimestre da gestação, vocês já pararam para pensar o motivo?
20% das mulheres tem suas gestações interrompidas por aborto espontâneo no primeiro trimestre, ou seja 2 a cada 10 mães perdem os seus filhos ainda nos primeiros meses da gestação. Mas essa é uma dor que não se diz, um luto que é vivido escondido, isso porque nos sentimos, por vezes, culpadas, envergonhadas, excluídas… As pessoas ainda não sabem lidar com as dores dessas mães, e o senso comum estraçalha ainda mais o coração das mães que perderam seus filhos, banalizando o seu luto e a sua dor com falas do tipo: “foi melhor assim, ele poderia nascer doente”, “você ainda é jovem daqui a pouco tem outro filho”, “ah mas ele era muito novo, ainda bem que foi agora”, “pelo menos você não chegou a conhece-lo, ia ser pior”.
E hoje eu grito não só por mim, mas todas as mães que têm a sua dor sufocada: essa criança existiu, é o meu filho e eu o amo mais que tudo. E não, um filho não substitui o outro!
Quando me tornei mãe de anjo, conheci várias outras histórias de mães de anjo e grupos de apoio como Grupo Colcha, Renascer e Grupo SobreViver, vi que não estou sozinha com a minha dor. A vocês e a todos os meus familiares e amigos, agradeço a força e o respeito.
Com esse depoimento não quero expor a mim, ao meu filho ou minha família que tanto já sofreram com essa perda, eu quero que as pessoas respeitem e saibam que essa dor existe, que ela é real, que esse luto precisa ser vivido; imploro mais respeito por todas as mães de anjo, você talvez pode pensar que não conhece nenhuma, mas tenho certeza que existe uma perto de você, mas que nunca teve coragem de dizer sobre essa dor, pelos motivos que já citei.
Para finalizar me junto ao Grupo Colcha para dizer: Existe a dor, mas também o amor! E não esqueçam: “semente fecundou, já começa a existir!”
Eu te amo eternamente, meu anjo Miguel!
Lindo seu depoimento. Também sou mãe de anjo e compartilho c vc a dor q na maioria das vezes é banalizada. Um forte abraço de asas..
Me sinto assim nesse exato momento…medo de falar que sofro,pq foi novo de mais…nossa minha primeira gestação e ainda ouvir o coração,como n me sentir mãe?me apaixonar…eu quero ter outros filhos sim mais realmente tudo faz sentido um filho n substitui outro nunca,eu sempre vou amar meu neném…tem só 4 dias q soube q perdi e cá estou eu tentando ser forte e n parece p os outros.. mais que nem vc disse,eu tbem n me sinto a mesma e nem voltarei a ser..