Era uma tarde de domingo, quando decidi ir para a maternidade. Eu sabia que algo não estava bem, mas temia ouvir o que na verdade eu já sabia no meu íntimo. Não dava mais para esperar, já havia passado quatro dias sem Maria mexer na barriga.
Fui para a maternidade e constatei o que não queria. Minha menina, que eu tanto esperava, estava morta.
Maria Clara, eu já a amava tanto… não dá para mensurar. Eu já tinha meu filho Marco Antonio, na época ele tinha 5 anos. Foi um sofrimento geral para a família, ele ficava pedindo a irmã, pedindo que fossemos busca-la onde ela estivesse, quão difícil foi!
Eu quis morrer, fiquei dias e dias pedindo que o tempo passasse logo, que se passassem um ou dois anos na intenção de que a dor diminuísse. Foi quando a madrinha de meu filho Marco me disse: “Simone, se passar um ano como você está pedindo, você vai perder um ano da vida de seu filho que estaálogo ali na sala, esperando que a mãe dele saia para pegar ele no colo e viver com ele a vida que vocês precisam viver. Sei que você está sofrendo muito, mas Maria Clara se foi para junto do Pai e Marco está aí, esperando que você reaja para cuidar dele. Ele precisa de você”.
Com essas palavras eu reagi. Já se passaram 12 anos que perdi meu anjinho Maria. Dói como se tivesse sido ontem, uma dor que não tem classificação. Perdemos pai, mãe… ficamos órfãos, mas a perda de um filho é tão dolorosa que não tem nem como classificar.