Lív, amor da minha vida.
Há cinco dias você nos deixou, meu Deus, que dor, preciso de forças para seguir sem você, anjinha.
Saí para um exame de rotina, para ver como você estava e fui surpreendida pela trágica notícia de que teria que interromper a gestação e fazer um parto de emergência.
De imediato me desesperei, não estava entendendo nada, 29 semanas de gestação e não havia nada diagnosticado, apesar da gestação ser delicada não corríamos risco de vida até então. Aos prantos, fiquei por duas horas esperando o laudo médico para ir à maternidade, Deus, que dor!
Chegamos na maternidade e a médica confirmou que teríamos que fazer um parto de emergência, eu me culpei e me culpo até agora, apesar da médica afirmar que estava com trombofilia e pré-eclampsia e nada do que eu fiz ou pudesse ter feito evitaria isso, era irreversível , genético e inevitável mas a culpa me acometeu da mesma maneira.
Fizemos os exames, seus batimentos cardíacos estavam normais, mas o nervosismo me deixou tão abalada e minha pressão subiu tanto que provavelmente fez você, anjinha, não resistir e vir a óbito dentro do meu ventre.
Na sala de cirurgia, entorpecida pela medicaçao e pela dor eu já sabia que o pior aconteceria, ouvi a pediatra e a obstetra falando que provavelmente você estava sem vida e elas teriam sorte se conseguissem me salvar. Eu não queria ser salva, queria você bem, viva, alegrando a minha família, mas você já havia virado anjinho, e estava ao meu lado me protegendo durante a delicada cirurgia.
Quando o procedimento acabou a pediatra veio me informar que você havia partido, a médica estava muito contente por ter salvo minha vida, segundo ela foi um milagre eu ter sobrevivido, mas como aceitar sobreviver sem você, minha pequena?
Você me fez mulher, Lívia. Deus te trouxe numa fase muito obscura da minha vida, eu precisava ser salva, precisava da sua luz, da mudança, da transformação e da maturidade que a gestação proporcionou.
Eu não tenho dúvidas que você escolheu a mim e ao seu papai a dedo, você tinha esse propósito: mudanças.
Mesmo com todas as dificuldades da nossa gestação não duvide de que seu papai, em algum momento, te amou tanto quanto eu amei, mas a situação era dificil, você sabe. Eu sei que o que houve vai mudá-lo também e sei que será o anjinho dele e que é capaz de perdoar.
Não pude ir ao seu sepultamento (que dor para uma mãe), me disseram que estava tão linda, você parecia uma boneca, perfeita, moreninha, olhinho puxado, narizinho pequeno (diferente da mamãe rs) e uma boca linda e gigante. Você era como eu sonhei, nada parecida comigo.
Te enterraram e junto enterraram uma parte de mim, agora está tudo tão vazio aqui sem você, pequena. Não consigo parar de chorar desde que se foi.
Eu não via a hora de ter você no meu colo e te dar todo o amor do mundo.
Mas como somos pequenos grãos de areia no oceano dos planos de Deus, estou buscando forças para me conformar.
Lívia, obrigada por ter salvo a minha vida e por ter me tornado mulher. Você me mostrou o maior amor do mundo, nunca imaginei que pudesse sentir algo tão grande dentro de mim.
Você é a razão pela qual eu vou buscar forças e dar a volta por cima, te darei muito orgulho ainda, você vai ver. Te amo para a eternidade, Livinha.
Nos reencontraremos um dia, conforme os planos do Senhor.
Adeus, filha amada.