Esse vai foi meu quinto Dia das Mães. E toda vez que essa data chega, com ela chega esse aperto no peito. Já foi pior, eu sei. Hoje tenho uma nova flor nesse jardim, mas já foi espinho, já foi lágrima e, não sei, mas me parece que todos os dias das mães sempre terão esse lugarzinho vazio, esse pedacinho que não tenho, esse abraço que me falta.
Eu me perdi quando perdi meu Davi. No começo, uma gestação gemelar… foi uma surpresa! Mas a surpresa maior foi às 12 semanas, quando soube que sofrera aborto retido de um dos bebês. E eu nem mesmo senti nada!
Já estávamos acostumados a pensar na vida com dois bebês, e agora tínhamos apenas um! Mas precisávamos ser fortes, por aquele bebê que ainda estava ali! Então engoli meu choro e segui na minha caminhada rumo à maternidade! Descobrimos no quinto mês que seria um menino, chamado Davi, que significa: “o amado”.
Ele foi muito amado e muito esperado. Lembro-me de falar com ele na barriga e colocar a música Imagine para ele ouvir, e acreditar num mundo belo que o esperava aqui fora…
Mas tudo mudou quando um dia senti que ele se movimentava menos e que meus pés estavam muito inchados. Verificamos minha pressão e para minha surpresa estava 15×9. A partir daquele dia começou uma maratona, mais ou menos um mês do hospital para casa, de casa pro hospital, exames, medicamentos que não controlavam minha pressão, repouso…
Eu não entendia a gravidade da situação, até o momento em que, com 30 semanas, eu internada fazia alguns dias, meu médico veio me dizer que faria um parto de emergência porque não havia o que fazer e corríamos risco, eu e o Davi.
Davi nasceu no dia 11/06/2013, pequeno, fraco… mal pude vê-lo e logo foi para a UTI Neo. A nossa batalha começava naquele instante, quando lutávamos e rezávamos a cada visita naquele UTI.Foi a experiência mais difícil da minha vida, ver meu filho sofrendo e não poder fazer nada. Eu me sentia impotente e fraca demais. Nossa batalha acabaria no dia 17/06, depois de meu Davi ter lutado bravamente por seis dias para ficar. Mas, infelizmente, sua missão acabava ali.
Eu sabia que ele me amava, eu sabia que ele queria ficar, mas também sabia que ele não era meu.
Em seu lugar ficou uma dor e um vazio imenso, impossível de descrever. Eu briguei com Deus, perguntei tantas vezes o porque, não entendia porque aquilo acontecia comigo… Logo eu que queria tanto, perdi dois bebês… por quê?
Mas o tempo passou e com ele eu comecei a perceber que não eram das respostas que eu precisava, eu precisava me reencontrar, juntar os caquinhos que sobraram e seguir em frente, não havia como voltar no tempo e eu precisava erguer a cabeça, afinal, meu Davi veio por algum motivo, ele tinha uma missão, e eu não poderia permitir que a vinda dele fosse em vão!
Eu me descobri muito mais forte do que imaginava, e minha dor foi um degrau para o meu crescimento pessoal. Costumo dizer que existem duas eu: uma antes e outra depois do Davi. E eu gosto bem mais dessa depois! Eu sei que dói, e sei que sempre vai doer, mas hoje, depois de quase cinco anos, eu posso dizer que o que ele me trouxe é muito maior do que perdi, ele me trouxe fé, me trouxe beleza nos pequenos detalhes, ele me trouxe força, esperança, sabedoria, ele mudou tudo… mas principalmente ele me mostrou que o amor é maior que tudo, até mesmo que a morte. E até lá esperarei ansiosa, por aquele abraço que me faltará a cada dia das mães! Amor eterno, meu pequeno Davi!
Minha Gravidez foi perfeita, e sem motivo nenhum minha bolsa estourou com 27 semanas, em 24/04/18, nascia meu maior amor, Maria Clara, totalmente desejada, planejada, amada, ficou 33 dias na uti neonatal, nunca teve uma infecção ou intercorrencia, quando em menos de 7 horas foi vítima de uma bactéria no intestino, e se foi, me deixando com o coração explodindo de amor. Ontem foi seu mesversario, faria 2 meses, ainda não aceito ou entendo sua partida, não sei como viver sem minha riqueza, peço a Deus o dom da maternidade e que ELE me abençoe novamente com outro filho, para que possa viver todos os meus sonhos, e esse amor que jorra do meu peito. Maria Clara me ensinou a amar infinitamente depois do fim, quando olho para a marca de minha cesaria, me recordo que Deus me deu o presente mais lindo da minha vida.