Neste Dia dos Avós, 26 de julho, damos a palavra a essas três avós que também se despediram cedo demais de seus netos… Um abraço bem especial de toda a Equipe do SobreViver paras as avós e avôs que nos acompanham!
“Quando minha filha Stephanie me contou que eu ia ser vovó tive uma sensação de bem-estar que não consigo descrever. A partir daí meus sentimentos ficaram voltados só para minha “cordeirinha”.
O tempo passou normal, um dia recebi um telefonema do meu genro, eles estavam no hospital, nossa “cordeirinha” tinha partido…
Perder um filho faz com que, da noite para o dia, tudo pare. É algo contra a natureza, que nossa mente não é capaz de entender. E ficamos quietos, sem ar, como se tivéssemos ficado sem alma.
Lidar com essa dor, para mim, foi duplamente difícil, pois na realidade o sofrimento de minha filha acabava comigo, não sabia como confortá-la, como acalmá-la, na verdade eu não sabia nem mesmo me confortar. A dor de uma perda não se mede, a morte tem que ser assumida, chorada e enfim aceitada. Aprendemos a viver com esse vazio, mas temos consciência de que essa tristeza sempre estará presente em nosso coração.
Porque hoje eu sei que nossa Aurora veio com o propósito de nos ensinar alguma coisa e viver de novo é honrar a memória dela, mesmo não a conhecendo ela já era parte de nossas vidas, por isso honraremos e a levaremos sempre conosco. O amor nos transcende mesmo que a tristeza more em nós.
Acreditemos ou não, acaba chegando um dia em que a dor já não é tão destruidora, e podemos respirar sem sentir dor, andar sem que nossa alma fique pesada e respirar sem que nosso coração doa tanto. Minha filha é uma guerreira, tenho tanto orgulho da mulher que se tornou e também da mãe que é de nossa Aurora.”
Eliane do Carmo E. de Oliveira – vovó da Aurora
“Meu depoimento não é de uma mãe que perdeu seu bebê, mas de uma avó que perdeu seu neto.
Considero que deva ser o mesmo sentimento de perda, como o que aconteceu com minha filha Érica. Talvez não com a mesma intensidade que ela sentiu. Sentimento de mãe é inexplicável, é único e cada uma sente à sua maneira.
Sinto a dor que ela sente, por ser mãe, e sei bem o que é isso. Era meu neto como os outros que tenho e, mesmo não estando aqui, meu amor por ele é o mesmo…
Espero que todas as mães que perderam seus filhos tenham força para seguir em frente e amor para os próximos que virão, porque com certeza virão.
Força e fé sempre!”
Isaura Maria Abdalla Teis Massa – vovó do Zyah
“Já se passaram 4 anos… Mas para mim é como se tivesse sido ontem, como tudo aconteceu de maneira devastadora.
Fiquei viúva muito cedo e, depois de tanta dor que passei, achei que já era o suficiente e que Deus não iria fazer isso com a minha família e, principalmente, com a minha filha. Mas não houve acordo e não fomos poupados dessa dor.
Quando, naquela sexta-feira, 11 de abril de 2014, minha filha me ligou e disse “a Marcela nasceu, porém ela não está bem…” Nessa hora perdi o chão.
Queria naquele momento ir para Campinas e ficar com a minha filha, queria que tudo fosse um grande engano, ou seja, que tudo estaria bem.
Mas não foi assim… Passei o pior fim de semana da minha vida e queria que aquilo não estivesse acontecendo com a minha filha Flavia e muito menos com a minha neta Marcela.
Mas tudo era verdade e minha filha tinha perdido a sua Marcela tão esperada e eu minha neta, a primeira e também muito desejada.
Então o que posso dizer a tantas avós que estejam passando por essa situação é: demonstrem o que estão sentindo. Chorem, falem, vivam a sua dor. Não queiram demonstrar que estão bem e, como eu dizia, “vida que segue”, pois não é assim.
Abracem muito seus filhos, falem da sua dor, falem dos bebês que não estão mais aqui. Vivam cada fase do luto.
O meu luto foi vivido após 2 anos e hoje vi que a vida se incumbe dos fatos mas nós devemos conduzir a nossa vida.
Amo muito a minha neta Marcela, não tem um dia que eu não pense nela. Amo muito a minha filha Flavia e o exemplo de mãe e de pessoa que ela é e o que ela fez de toda a sua história. Amo muito a minha neta Manuela!
Que todas as mães, avós e familiares possam se sentir abraçados.”
Sílvia Cunha – vovó da Marcela