Nunca pensei em ser pai. Parece uma frase egoísta, mas na realidade nunca tinha parado para me imaginar no mesmo papel de uma das pessoas que mais admiro, que é o meu pai. Dentro de mim seguia o ritmo da vida junto à Stephanie, com nossos desafios, acertos, erros, mas uma vida produtiva e feliz.
Em abril de 2017 a Stephanie me liga de surpresa, me recordo bem de sua alegria de saber que o teste de farmácia deu positivo e suas brincadeiras sobre a mudança de nossas vidas e as economias que deveríamos fazer daquele dia em diante.
Recordo-me de todas as semanas da gestação, com as idas e vindas aos médicos e até mesmo dos ultrassons realizados de forma particular para ter a certeza de que, dessa vez, pois já havíamos passado por duas perdas anteriores, teríamos nosso “felizes para sempre” igual ao das histórias que víamos por aí, junto à Aurora.
Entretanto, no exame morfológico tivemos nossa primeira incerteza: ao descobrir o nódulo no coração da Aurora, descobrimos que a gestação seria complicada, mas que nossos sonhos ali não iriam se encerrar.
No dia 10 agosto, após 23 semanas, a sempre inquieta e saltitante dentro da barriga da mamãe, a minha filha Aurora, ficou calma deixando apenas o silêncio em seu último exame de ultrassom. Neste momento, vendo a Stephanie sem chão e aquela sala escura, lembro-me de ter esquecido da Aurora e me focado apenas em minha esposa, sendo até uma pessoa fria para transparecer tranquilidade e até mesmo garantir um futuro para a pessoa que tanto amo, que é a minha esposa.
Os primeiros dias foram difíceis, pois tivemos que enfrentar um processo judicial para que o nosso desejo de cremação da Aurora fosse realizado. Além disso a médica que nos acompanhou durante toda gestação não deu qualquer apoio, nem uma visita à internação ou mesmo uma ligação… A volta para casa, as dúvidas e os porquês, assim como a realidade nas semanas seguintes foram complicadas. E dentro de toda esta escuridão surgiu o grupo SobreViver, que foi à luz e o grande diferencial para que a Stephanie se afirmasse como mãe para todos e para que tudo que aconteceu não fosse um pesadelo, mas sim um sonho breve e bonito. As meninas a acolheram e mostraram a ela que, mesmo quando o mundo lhe vira as costas, elas estavam lá para abraça-la e que o futuro que naquele momento parecia sombrio podia, sim, ser colorido e feliz.
O detalhe que muitas delas não devem imaginar, mas que abertamente hoje eu afirmo, é que o trabalho do grupo, mesmo que de forma indireta, trabalhou comigo também, pois hoje eu sei que sou Pai da Aurora e ninguém pode me tirar esse título tão querido e desejado.
Saibam que a dor não vai sumir, mas que não é errado ser feliz, pois a vida segue com seus momentos felizes e tristes, mas o caminho a trilhar está em suas mãos.
Feliz SIM dia dos pais e saibam que estou aqui para quem quiser conversar e desabafar.
Abraços,
Luiz Antonio, pai da Aurora.
Luisinho querido menino.
Estou muiyo emocionada com seu depoimento,
Você é muito grande, e a Stefany também.
Muitos dias maravilhosos viram pra vocês, foi só um despertar esse fato que aconteceu com a Aurora.
Ela deve estar orgulhosa de voces.
Parabéns
Amo voces
Queridos Luiz e Stephanie, sintam meu abraço. Passei por um aborto espontâneo há um.mêd e a dor ainda está grande. Hoje, domingo fique procurando grupos de apoio em SP e achei o sobreviver. Li muitos depoimentos e fiquei feliz de um.homem escrever.