Há exatos 4 anos era Copa do Mundo de 2014. O Brasil parado para ver a Seleção entrar em campo. Apitos, buzinas, vuvuzelas. As ruas cheias, coloridas de verde e amarelo. Pessoas apressavam o passo para chegar em casa a tempo de assistir o primeiro jogo do Brasil. Era grande a festa lá fora.
Aqui dentro de casa, aqui dentro do meu peito, uma dor imensurável (que de tão grande parecia que ia me rasgar ao meio) me tomava toda. Paralisava. Emudecia. Nem toda festa lá fora era capaz de expulsar aquele sufoco de mim. Nem por um só instante. Eu não conseguia entender, não entrava na minha cabeça como as pessoas poderiam estar festejando se minha menina estava morta. Tinha dois meses daquele 12 de abril. A dor piorava a cada dia! Como podiam? Por que festejavam se a vida não fazia mais sentido? Como poderiam continuar vivendo, festejando, dirigindo seus carros com bandeiras verde e amarelas se minha filha tinha morrido? Como poderiam comemorar, se reunir em bares, bater tambores e soltar rojões se o amor da minha vida não estava mais aqui? Se a dor me consumia de tal maneira que eu nem respirar direito conseguia? Pra que tanta festa? Tanto barulho, tanta bagunça se o mundo não valia mais a pena?
Quatro anos se passaram. E apesar do patriotismo futebolístico estar abafado por tantos escândalos políticos, eu estou aqui, na sala de casa. No mesmo sofá de 4 anos atrás. Ouvindo rojões e vendo no meu feed atualizações sobre os jogos da copa. O peito aperta, mas não como antes. A saudade machuca, mas não paralisa mais. Procuro outra coisa para fazer. A Copa não me interessa. É gatilho demais para mim. Não quero lembrar da dor que vivi tão intensamente naqueles dias. Ligo a TV, asso um bolo. E tudo bem. Não quero comemorar. Não quero festejar. Só quero ficar no meu canto. E tudo bem. Amanhã os jogos acabam e a vida segue. A dor vira lembrança. Até que, num futuro não muito distante, vem me visitar novamente. E eu deixo entrar. E ela permanece o tempo exato que eu deixo ela ficar. Ela permanece todos os segundos e minutos que acho justo que ela esteja aqui. Mas depois mando ela embora. Já sei como fazer isso.
O sol lá fora me convida para um passeio na pracinha. E lá vou eu. Viver uma vida que eu não achei que voltaria. Viver um raio de sol iluminando e aquecendo a minha caminhada. As árvores. As pessoas rindo. Compartilhando coisas engraçadas. O corre corre nas ruas. O pão que sai quentinho na padaria e perfuma o bairro. Os latidos dos cachorros que se encontram na esquina. O sino da escola que toca quase que junto com o grito da criançada. E eu continuo. Leve. E no meio da minha caminhada uma flor vermelhinha lembra minha menina. Que tinha os lábios bem vermelhos. E respiro agradecida. Cheguei até aqui. Lugar que jamais imaginei que chegaria. Respirando, reconstruída. E um tantão mais leve. E tudo por causa do amor!
Eu acredito tanto que esse momento chegará para mim…mas é tão difícil esse início da caminhada. Como quero que esse dia chegue!!! Acho que nascemos pra aproveitar a alegria e meu filho tb me ensinou a ser feliz…Não vou decepcioná-lo. Conseguirei por vc meu bebê, sentir sdde sem essa dor que me consome, pq sei que de onde estiver vc nunca duvidará do meu amor. Te amo meu peixinho.