Quando uma mulher descobre que eu perdi um bebê durante a vigésima semana de gestação, normalmente elas se abrem sobre suas perdas, mas reduzem a significância de suas perdas dizendo que elas estavam “somente” de seis semanas, oito semanas, ou x semanas grávidas quando ocorreu a perda. Elas normalmente seguem após o “somente” dizendo algo sobre o quanto as perdas delas não se comparam à minha.
E eu acredito que eu teria dito a mesma coisa com algumas variações. Quando falo sobre a minha perda inicial versus minha perda tardia, eu tenho reduzido a primeira a nada mais que um acidente médico que ocorreu quando eu estava de “somente” seis semanas. E quando eu ouço que alguém teve uma perda a termo, eu tenho considerado quanto pior deve ter sido perder um bebê às 40 semanas do que “somente” às 20 semanas.
Mas é aí que o problema está. Na comparação. É no pensamento de que uma gravidez, uma vida, é mais significante que outra baseada na sua duração. É no pensamento que a perda de um bebê que é tão pequeno para ser visto, ou carregado, é menos significante que o bebê que é grande o suficiente para um berço, mas que está deitado em um caixão.
A verdade é que as minhas perdas não são mais ou menos significantes que nenhuma outra. Seja ela inicial ou tardia. Eu tenho perdido as mesmas coisas que qualquer outra mãe. Eu tenho perdido uma vida inteira conhecendo dois dos meus filhos. Eu tenho perdido marcos e celebrações. Eu tenho perdido os momentos que deveriam estar construindo a maioria das memórias com os meus dois bebês que não vieram para casa.
Eu não sei os detalhes da perda de ninguém, e também não sei exatamente como elas foram afetadas pela perda. Mas eu sei que não há “somente” nas perdas gestacionais. Não nas minhas e nas de mais ninguém.
Existe o “já”.
Existiu uma gravidez que já progrediu para seis, ou oito, ou vinte semanas.
Existiu uma vida evidenciada por duas linhas rosas. As mesmas linhas que já alertaram uma mulher sobre seu papel de mãe.
Existiu o som de um coração que já está batendo, mesmo que tenha batido por um dia, um mês, ou mais.
Existiu uma conexão que já aconteceu entre a mãe e o bebê.
E existiu também o amor, já plantado profundamente no coração desta mãe. Um amor que começou a crescer no primeiro sinal de que uma vida é mostrada em um teste de gravidez.
Não importa que a gravidez “somente” durou algumas semanas. Não importa se é uma perda inicial ou tardia.
O que importa é que existiu um bebê que foi amado imensamente. E amor não pode ser medido por semanas.
Exatamente isso! Perdi com 21 semanas e muitas mulheres falam que perderam e comparam diminuindo sua dor. Falo as mesmas coisas para elas. Força para todas nós!
Tenho 36 anos, tive 4 perdas, uma bebê de 2 meses, depois de uma cirurgia cardiaca grave, uma gestação de 17 semanas, uma gestação de 11 semanas é por ultimo a 3 meses tive a perca numa gestação de 13 semanas, sinto falta de todos, tive maior contato com a bebê de 2 meses mais todos eram meus
Todos me fazem falta
Todos são meus filhos…
As pessoas que estão de fora não tem noção disso e tendem sim a minimizar a dor conforme as semanas
Relato maravilhoso e sensível. Perdas são perdas e devem ser respeitadas.
perdi meu primeiro bb com 23 semanas, e estou gravida novamente e crendo que tudo dará certo mais não esqueço o eu Luiz Eduardo….
Tive duas perdas às 7 semanas, uma em junho de 2017, de gêmeos que não pude saber o sexo e outra em março de 2018, da minha menina Betina. A sociedade trata as perdas precoces como se fossem nada, simplesmente porque, na opinião da maioria, “não existia uma pessoa ainda”. Claro que, no coração de suas mãezinhas, os filhos são pessoas desde o momento do teste positivo. É tão comum ouvir as pessoas minimizando essas perdas que as mulheres que passam por isso se fecham e até se envergonham de expor a dor.
Lindo e verdadeiro o seu texto! Muito obrigada!
Sinta meu abraço carinhoso.
Fui tentante por 2 anos neste processo descobri a SOP, endométriose e malformação uterina para nossa surpresa engravidamos em Abril/18, tive uma rotura uterina com 16 semanas e perdi meu tão sonhado e desejado bebê que era um menino e se chamaria Adrian. A dor e a saudade é imensurável tenho dias melhores e piores. Mas Deus tem me sustentado.